Nesta obra, as crianças são agentes, têm agência e histórias, histórias individuais e coletivas do quilombo Mata do Tição. “Hoje em dia muitas crianças não possuem contatos com os idosos”, diz bell hooks (2019). Nos quilombos, como imaginar as crianças sem contato com os mais velhos, e os mais velhos sem crianças? Como os saberes circulariam sem esses encontros? É o encontro de um passado com um presente que projeta um futuro. É por meio desses encontros que hoje podemos contar, mesmo que ainda não seja na sua integralidade, as histórias dos mais de seis mil quilombos e dos quilombolas em todo o Brasil e que, por séculos, tentam apagar. A ideia de cuidado com as crianças nos quilombos é a ideia de compartilhar saberes, troca de experiência e vivências e não de aprisionar para dominar. Numa lógica de circularidade e continuidade, as crianças aprendem com os(as) mais velhos(as) e os(as) ensinam. As crianças são do quilombo e fazem parte da vida social daquele território."